terça-feira, 18 de agosto de 2015

Vinho ou Cerveja? - Grape vs Grain 2015

A autora deste blog se encontra em Wellington, Nova Zelândia. É a cidade mais cervejeira do país que patrocina o Beervana, o maior festival cervejeiro neozelandês, que acontece neste fim de semana.

A cidade está em clima de férias cervejeiras. E também conta com o "Road to Beervana", que se trata de várias atrações nos melhores bares cervejeiros. E eu pude participar de um duelo de Titãs. Trata-se de um evento de harmonização de comida, vinhos e cerveja (Grape vs Grain).

Este assunto é bastante polêmico. Entre entusiastas de bebidas, sempre existem os defensores do vinho dizendo que ele é o melhor parceiro de comida. Mas aí, vem um tal de Garret Oliver provando que a cerveja pode trazer experiências gastronômicas surpreendentes . Principalmente para queijos. (veja o vídeo aqui).

E se colocarmos os dois, vinho e cerveja, lado a lado em um jantar harmonizado, quem ganharia? O Southern Cross, um restaurante-bar de Wellington resolveu colocar seus pratos para harmonizar com uma cerveja da  Funk Estate e um vinho da TW wines. Foi um cardápio com 3 pratos e o resultado foi bastante interessante. Confira:


Entrada: 
Patê de peixe Warehou defumado em Manuka em baguete de massa lêveda
(Manuka smoked Warehou pate with sliced sourdough baguette)



Vinho: TW Verdelho (13%)
Cerveja: Funk State Pucker Up (Berliner Weisse - 4.2%

Este canapé com patê de peixe branco é bastante leve. Ele é tão cremoso que derrete na boca e uma pitada especial de ervas e da defumação do peixe na lenha de Manuka (uma árvore típica da Nova Zelândia) dão vida a este prato. A Cerveja é uma Berliner Weisse, estilo alemão bastante leve com pouco amargor, refrescante, com notas de uvas frescas e notas ácidas oriundas do ácido láctico adicionado à bebida. O vinho é um vinho branco leve com notas de frutas brancas e amarelas (algo entre grapefruit, pêssego fresco e abacaxi) com um toque ácido.

A harmonização foi bastante interessante. A intensidade do vinho foi adequada, pensando na leveza do prato, mas a força alcoólica não ajudou muito, pois acabou com a cremosidade e a gordura do patê, que é um item importante para dar corpo e equilíbrio ao prato. Outro fator que me incomodou é que os sabores delicados e frutados do vinho ficaram ocultos. Entretanto, a acidez do vinho serviu como um tempero a mais e complementou o sabor do patê. A cerveja, por sua vez, acabou tendo seus sabores ressaltados. A acidez da cerveja serviu como um toque a mais no prato. A mesma base do pão neutralizou o sabor do malte e trouxe à tona os sabores frutados da cerveja sem acabar com a graça da comida. Minha seleção: Cerveja.

Segundo Prato:
Cogumelos salteados com balsâmico de Sálvia, queijo feta e pinole torrado.
(Salted mashrooms with sage balsamic, crumbled feta & toasted pinenuts)



Vinho: TW Merlot (13.5%)
Cerveja: Funk Estate Renegade (6.6% Red IPA)



Na primeira mordida, você sente os suculentos cogumelos salteados espalhando um sabor caramelizado intenso e notas ácidas proveniente do balsâmico. O pinole ressalta notas tostadas e o queijo feta, com sua leveza quebra um pouco o pesado sabor do cogumelo. O vinho é um Merlot encorpado com notas de cerejas e uma acidez bastante pungente. A Cerveja é uma Red IPA com notas caramelizadas proveniente do malte, corpo elevado que traz um equilíbrio com os lúpulos americanos que traz amargor e aromas cítricos e resinosos.

A combinação com a cerveja foi bastante equilibrada. O caramelo da cerveja combinou com o tostado do pinole e com o cogumelo na manteiga, ressaltando estes itens na comida. O lúpulo, com suas notas cítricas deu um toque adicional. Entretanto, por algum motivo, o álcool ficou evidente e, eu, particularmente, não gosto muito quando isso acontece. Por um outro lado, a força do Merlot e do prato estava na proporção adequada e o tanino e a adstringência da bebida acabou sumindo, ressaltando as notas frutadas e delicadas do vinho. A minha escolha foi bastante pessoal. Escolhi vinho porque este foi um caso típico de quando a comida não se esconde, mas consegue enfatizar a melhor parte do vinho.

Terceiro prato: 

Bife Wellington com Carne de Veado e Prosciutto acompanhado de purê de chirívia e amêndoas
(Venison and Prosciutto Wellington with Almond whipped parnship)




Vinho: TW Merlot Malbec (13.5%)
Cerveja: Funk Estate Affrogato (8% Imperial stout)

Bife Wellington é uma carne assada envolto de uma massa e um patê. O que provei era uma carne de veado envolta com uma camada de prosciutto temperada. E o acompanhamento era um purê feito de amêndoas e chirívia, que é uma raiz com um sabor leve e sutilmente picante. O vinho é um blend de sabor intenso e picante que leva Merlot, Malbec e um pouco de Cabernet Franc. A cerveja é uma grande Imperial Stout, encorpada, extremamente saborosa com amêndoas, café e baunilha na composição.

Essa foi a disputa mais difícil para mim. A combinação comida x cerveja me deixou com vontade de comer mais porque o prato ficou muito macio na boca. O gosto adocicado da cerveja deu um toque a mais no prato que é bastante salgado e temperado e, ao mesmo tempo, trouxe equilíbrio, tornando o prato mais suave. Por um outro lado, o vinho e seu teor alcoólico cortou a parte gordurosa do prato, trazendo leveza ao prato. Além disso, o sabor picante do vinho serviu como um tempero a mais para o prato. Por isso, meu resultado foi um empate, porque ambos me surpreenderam e foram extremamente agradáveis.

No final do evento, o vinho acabou ganhando a disputa de acordo com os votos dos participantes. Em conversas paralelas, percebi que cada um tinha colocado uma resposta diferente com impressões distintas. Muitos escolheram porque o sabor que ressaltava não era o seu preferido ou por causa da intensidade das bebidas. Mas todos concordaram que foi uma disputa bastante difícil. Isso prova que a harmonização é algo bem subjetivo. Seguindo as regras básicas de harmonização, o fator de desempate será o gosto pessoal. De qualquer forma, está aí mais uma opção de bebidas e sugestões de harmonização.

Sobre a cervejaria e a vinícola:


Funk Estate é uma cervejaria cigana criada por 3 amigos na cidade de Wellington, NZ. Bastante premiada e apreciada localmente, as suas cervejas são o fruto da experiência de anos fazendo cervejas caseiras e da liberdade de inovar e buscar novas experiências que tragam diferentes sabores à cerveja. Leia mais no website deles.



A TW Wines foi fundada em 1998 e está na cidade de Gisborne, NZ famosa por ser a primeira cidade a comemorar o ano novo. Fundada por Tietjen e Witters, a vinícola já recebeu muitos prêmios e conta com uma linha bastante interessante de produtos. Leia mais no website deles.





quarta-feira, 15 de julho de 2015

Brewtroleum, o combustível feito com resíduos da cervejaria

Salve o mundo bebendo cerveja!!!!

É o que diz a cervejaria Neozelandesa DB, pioneira em produzir combustível a partir dos resíduos cervejeiros.

"O mundo está em perigo. Guerras e poluição, causadas pelo petróleo e pela ganância, levaram o planeta ao fundo do poço. Mas ainda há esperanças....Apresentando DB Export Brewtroleum. E, sim, conseguimos! Um biocombustível feito a partir dos resíduos da produção da DB Export".

Veja a propaganda a seguir:


O que eles utilizam para a produção do biocombustível é a levedura não reaproveitada que sai aos montes dos tanques de fermentação.

Taí mais uma forma bem eficiente de 3R da cerveja! Se você estiver na Nova Zelândia, vá ao posto de gasolina da rede Gull e faça o seu carro sentir o gostinho da cerveja DB.

Cheers.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Cozinhando com cervejas: Frango ao molho de mostarda, mel e pale ale


Quer fazer um prato fácil que vai impressionar seus convidados? Este frango ao molho de mostarda, mel e pale ale está aí para você falar: "Viu, tem até cerveja no molho!".

A receita original é do livro "Craft Beer Cookbook" da Jacquelyn Dodd, vulga Beeroness, do blog sobre cerveja e comida The Beeroness. (indicação do Fogão da Lu, que também é uma ótima dica para quem gosta de cozinhar).

(Extraído do site da Cervejaria Júpiter)

As receitas da Beeroness não utilizam cervejas brasileiras, mas eu sim. Para esta receita, usei a Jupiter Pale Ale. Uma cerveja paulista com dry-hopping, técnica que deixa a cerveja bastante aromática com notas cítricas e frutadas bastante intensas. A cerveja foi escolhida justamente por conferir um toque especial no prato.

Veja como é fácil fazer:







Frango ao molho de mostarda, mel e cerveja Júpiter Pale Ale (*Nota 1)

1/3 de xícara de chá de Mostarda Dijon
1/4 de xícara de chá de Mel
1/2 xícara de chá de Cerveja Júpiter Pale Ale
2 colheres de sopa de maisena
1/4 de colher de chá de sal
1/2 colher de chá de pimenta do reino
1 dente de alho
2 colheres de sopa de suco de limão
1 colher de sopa de manteiga sem sal (para selar o frango)
4 sobrecoxas desossadas (a receita original pede sem pele, mas eu usei com pele e tudo)
Arroz para servir.

1. Aqueça o forno em fogo médio.
2. Adicione o mel, mostarda, cerveja, maisena, sal, pimenta, alho e o suco de limão em um processador de alimentos e misture até que se torne um líquido homogêneo (Nota 2).
3. Derreta a manteiga em uma frigideira que vai ao forno (Nota 3). Salpique Sal e pimenta à gosto nas sobrecoxas e sele na manteiga até que fiquem douradas.
4. Cubra as sobrecoxas com o molho de mostarda e asse em fogo médio até que a sobrecoxa fique cozida (aproximadamente 22 - 25 minutos).
5. Sirva num prato com arroz (como eu fiz na foto).

*Nota 1: A receita está bastante fiel à original. Eu fiz algumas adaptações que estão entre parênteses ou comentadas nas notas subseqüentes.

*Nota 2: Eu não bati no processador e misturei na mão mesmo. As sementes da mostarda ficam bem charmosas depois que saem do forno.

*Nota 3: Eu sou muito "rica" e não economizo em uma frigideira dois-em-um. Eu tenho uma assadeira e uma frigideira e, por isso, eu usei os dois. Se você for "rica"como eu, sele o frango na frigideira e deixe a assadeira aquecer com um pouco de manteiga antes de transferir as sobrecoxas. E não se esqueça de transferir o conteúdo total da frigideira.

Espero que gostem e Bon Apetit!