terça-feira, 18 de agosto de 2015

Vinho ou Cerveja? - Grape vs Grain 2015

A autora deste blog se encontra em Wellington, Nova Zelândia. É a cidade mais cervejeira do país que patrocina o Beervana, o maior festival cervejeiro neozelandês, que acontece neste fim de semana.

A cidade está em clima de férias cervejeiras. E também conta com o "Road to Beervana", que se trata de várias atrações nos melhores bares cervejeiros. E eu pude participar de um duelo de Titãs. Trata-se de um evento de harmonização de comida, vinhos e cerveja (Grape vs Grain).

Este assunto é bastante polêmico. Entre entusiastas de bebidas, sempre existem os defensores do vinho dizendo que ele é o melhor parceiro de comida. Mas aí, vem um tal de Garret Oliver provando que a cerveja pode trazer experiências gastronômicas surpreendentes . Principalmente para queijos. (veja o vídeo aqui).

E se colocarmos os dois, vinho e cerveja, lado a lado em um jantar harmonizado, quem ganharia? O Southern Cross, um restaurante-bar de Wellington resolveu colocar seus pratos para harmonizar com uma cerveja da  Funk Estate e um vinho da TW wines. Foi um cardápio com 3 pratos e o resultado foi bastante interessante. Confira:


Entrada: 
Patê de peixe Warehou defumado em Manuka em baguete de massa lêveda
(Manuka smoked Warehou pate with sliced sourdough baguette)



Vinho: TW Verdelho (13%)
Cerveja: Funk State Pucker Up (Berliner Weisse - 4.2%

Este canapé com patê de peixe branco é bastante leve. Ele é tão cremoso que derrete na boca e uma pitada especial de ervas e da defumação do peixe na lenha de Manuka (uma árvore típica da Nova Zelândia) dão vida a este prato. A Cerveja é uma Berliner Weisse, estilo alemão bastante leve com pouco amargor, refrescante, com notas de uvas frescas e notas ácidas oriundas do ácido láctico adicionado à bebida. O vinho é um vinho branco leve com notas de frutas brancas e amarelas (algo entre grapefruit, pêssego fresco e abacaxi) com um toque ácido.

A harmonização foi bastante interessante. A intensidade do vinho foi adequada, pensando na leveza do prato, mas a força alcoólica não ajudou muito, pois acabou com a cremosidade e a gordura do patê, que é um item importante para dar corpo e equilíbrio ao prato. Outro fator que me incomodou é que os sabores delicados e frutados do vinho ficaram ocultos. Entretanto, a acidez do vinho serviu como um tempero a mais e complementou o sabor do patê. A cerveja, por sua vez, acabou tendo seus sabores ressaltados. A acidez da cerveja serviu como um toque a mais no prato. A mesma base do pão neutralizou o sabor do malte e trouxe à tona os sabores frutados da cerveja sem acabar com a graça da comida. Minha seleção: Cerveja.

Segundo Prato:
Cogumelos salteados com balsâmico de Sálvia, queijo feta e pinole torrado.
(Salted mashrooms with sage balsamic, crumbled feta & toasted pinenuts)



Vinho: TW Merlot (13.5%)
Cerveja: Funk Estate Renegade (6.6% Red IPA)



Na primeira mordida, você sente os suculentos cogumelos salteados espalhando um sabor caramelizado intenso e notas ácidas proveniente do balsâmico. O pinole ressalta notas tostadas e o queijo feta, com sua leveza quebra um pouco o pesado sabor do cogumelo. O vinho é um Merlot encorpado com notas de cerejas e uma acidez bastante pungente. A Cerveja é uma Red IPA com notas caramelizadas proveniente do malte, corpo elevado que traz um equilíbrio com os lúpulos americanos que traz amargor e aromas cítricos e resinosos.

A combinação com a cerveja foi bastante equilibrada. O caramelo da cerveja combinou com o tostado do pinole e com o cogumelo na manteiga, ressaltando estes itens na comida. O lúpulo, com suas notas cítricas deu um toque adicional. Entretanto, por algum motivo, o álcool ficou evidente e, eu, particularmente, não gosto muito quando isso acontece. Por um outro lado, a força do Merlot e do prato estava na proporção adequada e o tanino e a adstringência da bebida acabou sumindo, ressaltando as notas frutadas e delicadas do vinho. A minha escolha foi bastante pessoal. Escolhi vinho porque este foi um caso típico de quando a comida não se esconde, mas consegue enfatizar a melhor parte do vinho.

Terceiro prato: 

Bife Wellington com Carne de Veado e Prosciutto acompanhado de purê de chirívia e amêndoas
(Venison and Prosciutto Wellington with Almond whipped parnship)




Vinho: TW Merlot Malbec (13.5%)
Cerveja: Funk Estate Affrogato (8% Imperial stout)

Bife Wellington é uma carne assada envolto de uma massa e um patê. O que provei era uma carne de veado envolta com uma camada de prosciutto temperada. E o acompanhamento era um purê feito de amêndoas e chirívia, que é uma raiz com um sabor leve e sutilmente picante. O vinho é um blend de sabor intenso e picante que leva Merlot, Malbec e um pouco de Cabernet Franc. A cerveja é uma grande Imperial Stout, encorpada, extremamente saborosa com amêndoas, café e baunilha na composição.

Essa foi a disputa mais difícil para mim. A combinação comida x cerveja me deixou com vontade de comer mais porque o prato ficou muito macio na boca. O gosto adocicado da cerveja deu um toque a mais no prato que é bastante salgado e temperado e, ao mesmo tempo, trouxe equilíbrio, tornando o prato mais suave. Por um outro lado, o vinho e seu teor alcoólico cortou a parte gordurosa do prato, trazendo leveza ao prato. Além disso, o sabor picante do vinho serviu como um tempero a mais para o prato. Por isso, meu resultado foi um empate, porque ambos me surpreenderam e foram extremamente agradáveis.

No final do evento, o vinho acabou ganhando a disputa de acordo com os votos dos participantes. Em conversas paralelas, percebi que cada um tinha colocado uma resposta diferente com impressões distintas. Muitos escolheram porque o sabor que ressaltava não era o seu preferido ou por causa da intensidade das bebidas. Mas todos concordaram que foi uma disputa bastante difícil. Isso prova que a harmonização é algo bem subjetivo. Seguindo as regras básicas de harmonização, o fator de desempate será o gosto pessoal. De qualquer forma, está aí mais uma opção de bebidas e sugestões de harmonização.

Sobre a cervejaria e a vinícola:


Funk Estate é uma cervejaria cigana criada por 3 amigos na cidade de Wellington, NZ. Bastante premiada e apreciada localmente, as suas cervejas são o fruto da experiência de anos fazendo cervejas caseiras e da liberdade de inovar e buscar novas experiências que tragam diferentes sabores à cerveja. Leia mais no website deles.



A TW Wines foi fundada em 1998 e está na cidade de Gisborne, NZ famosa por ser a primeira cidade a comemorar o ano novo. Fundada por Tietjen e Witters, a vinícola já recebeu muitos prêmios e conta com uma linha bastante interessante de produtos. Leia mais no website deles.





quarta-feira, 15 de julho de 2015

Brewtroleum, o combustível feito com resíduos da cervejaria

Salve o mundo bebendo cerveja!!!!

É o que diz a cervejaria Neozelandesa DB, pioneira em produzir combustível a partir dos resíduos cervejeiros.

"O mundo está em perigo. Guerras e poluição, causadas pelo petróleo e pela ganância, levaram o planeta ao fundo do poço. Mas ainda há esperanças....Apresentando DB Export Brewtroleum. E, sim, conseguimos! Um biocombustível feito a partir dos resíduos da produção da DB Export".

Veja a propaganda a seguir:


O que eles utilizam para a produção do biocombustível é a levedura não reaproveitada que sai aos montes dos tanques de fermentação.

Taí mais uma forma bem eficiente de 3R da cerveja! Se você estiver na Nova Zelândia, vá ao posto de gasolina da rede Gull e faça o seu carro sentir o gostinho da cerveja DB.

Cheers.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Cozinhando com cervejas: Frango ao molho de mostarda, mel e pale ale


Quer fazer um prato fácil que vai impressionar seus convidados? Este frango ao molho de mostarda, mel e pale ale está aí para você falar: "Viu, tem até cerveja no molho!".

A receita original é do livro "Craft Beer Cookbook" da Jacquelyn Dodd, vulga Beeroness, do blog sobre cerveja e comida The Beeroness. (indicação do Fogão da Lu, que também é uma ótima dica para quem gosta de cozinhar).

(Extraído do site da Cervejaria Júpiter)

As receitas da Beeroness não utilizam cervejas brasileiras, mas eu sim. Para esta receita, usei a Jupiter Pale Ale. Uma cerveja paulista com dry-hopping, técnica que deixa a cerveja bastante aromática com notas cítricas e frutadas bastante intensas. A cerveja foi escolhida justamente por conferir um toque especial no prato.

Veja como é fácil fazer:







Frango ao molho de mostarda, mel e cerveja Júpiter Pale Ale (*Nota 1)

1/3 de xícara de chá de Mostarda Dijon
1/4 de xícara de chá de Mel
1/2 xícara de chá de Cerveja Júpiter Pale Ale
2 colheres de sopa de maisena
1/4 de colher de chá de sal
1/2 colher de chá de pimenta do reino
1 dente de alho
2 colheres de sopa de suco de limão
1 colher de sopa de manteiga sem sal (para selar o frango)
4 sobrecoxas desossadas (a receita original pede sem pele, mas eu usei com pele e tudo)
Arroz para servir.

1. Aqueça o forno em fogo médio.
2. Adicione o mel, mostarda, cerveja, maisena, sal, pimenta, alho e o suco de limão em um processador de alimentos e misture até que se torne um líquido homogêneo (Nota 2).
3. Derreta a manteiga em uma frigideira que vai ao forno (Nota 3). Salpique Sal e pimenta à gosto nas sobrecoxas e sele na manteiga até que fiquem douradas.
4. Cubra as sobrecoxas com o molho de mostarda e asse em fogo médio até que a sobrecoxa fique cozida (aproximadamente 22 - 25 minutos).
5. Sirva num prato com arroz (como eu fiz na foto).

*Nota 1: A receita está bastante fiel à original. Eu fiz algumas adaptações que estão entre parênteses ou comentadas nas notas subseqüentes.

*Nota 2: Eu não bati no processador e misturei na mão mesmo. As sementes da mostarda ficam bem charmosas depois que saem do forno.

*Nota 3: Eu sou muito "rica" e não economizo em uma frigideira dois-em-um. Eu tenho uma assadeira e uma frigideira e, por isso, eu usei os dois. Se você for "rica"como eu, sele o frango na frigideira e deixe a assadeira aquecer com um pouco de manteiga antes de transferir as sobrecoxas. E não se esqueça de transferir o conteúdo total da frigideira.

Espero que gostem e Bon Apetit!

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Pick your trip: conhecendo cervejas estonianas! (Parte I)


Estônia: Um dos três países balticos que tem em suas zonas limítrofes o Golfo da Finlândia, o Mar Báltico e a Rússia. Aproximadamente 50% de seu território de 43 mil/km² é formado por florestas e  habitado por pouco mais de 1 milhão de habitantes. O número de top models per capita é um dos maiores do mundo, além de ser a terra natal do Skype, KaZaA e Hotmail. 

Curiosidades à parte, este é um blog de cerveja e é sobre isso que escreveremos. A Estônia é um grande produtor de cevada e possui registros cervejeiros de longa data. A bebida era utilizada para celebrações e era um item de troca entre vizinhos queridos a fim de manter o bom relacionamento. Não podemos esquecer de mencionar a sua melhor criação, o estilo Baltic Porter, que surgiu nessa região depois da popularização das Porters inglesas (Sobre esta cerveja escura, de aroma de chocolate e frutas vermelhas, escreveremos em alguma outra oportunidade).

(Fonte: L3aac @Flickr)

A Estônia, assim como Brasil, vive uma nova onda de craft beer renaissance com algumas microcervejarias em destaque. O mercado ainda é dominado pelas mainstreams do oligopólio formado por 3 grandes cervejarias: Saku, A Le Coq Tartu Õlletehas e Viru (todas elas com investimento externo). Mas ainda assim, o pouco que as micros tem produzido, agradou muito o nosso paladar. Sim, temos sorte de ter uma amiga estoniana que trouxe alguns exemplares de presente! Segue a análise de dois exemplares:


Vormsi 

Vormsi é uma ilha pouco povoada na Estônia. E eles têm uma cervejaria! Uau.
Eles tem uma história bastante relacionada a Suécia, país que fica do outro lado do mar, cuja população tem um grande desejo de consumir bebidas alcoólicas mas com acesso restrito a elas (pobrezinhos). Será que esse foi o motivo de abrirem uma cervejaria por lá?


Esta cerveja é bastante interessante. O seu estilo, Märzen, é originário da Alemanha e significa Março. O motivo para levar este nome é porque o Duque da Baviera não permitia a sua produção na primavera e no verão. Logo, as cervejas ficavam prontas antes de abril. E dizem que este fato é responsável pelo surgimento da Oktoberfest: Nos meses improdutivos havia o consumo moderado da bebida. Mas em outubro, era necessário consumir tudo o que estava armazenado para liberar espaço para a safra nova. E a festa era somente uma desculpa para consumir o estoque parado. Existe outra versão mais romântica da Oktoberfest, mas deixaremos para contar outro dia.

E, sobre a Vormsi Märzen: Cerveja de coloração âmbar com a característica do malte bastante presente. No nariz notas de mel, caramelo, biscoito e um leve toque condimentado se misturam de forma bastante interessante. O caráter da levedura também é forte, mas não é desagradável. Na boca, o gosto basicamente se inicia com o sabor de mel, frutas secas e caramelo. Há um leve toque de lúpulo herbáceo e um amargor médio-baixo que continua deixando um aftertaste leve e seco.

Ficha Técnica
Estilo: Märzen
Teor alcoólico: 5,3%
Amargor: Médio-baixo.
Temperatura ideal de consumo: 2-4 graus
Produzida por: Metsamees OÜ

E se caso você queira ir para a ilha de Vormsi, o endereço da cervejaria é:
Norrby Küla, 91308 Vormsi Vald. Läänemaa.
Site: http://www.vormsibeer.ee


Vanamees Óllenaut

"Our Rye IPA is like a Jolly Old Man, who has tricks up his sleeve - ours has Estonian rye malt and Chinook hops".

Adoro cervejas com rótulos traduzidos.

E o que aprendi com esta cerveja é que "Vanamees" significa "Homem Velho" em estoniano!



A IPA é um estilo originalmente inglês, mas neste exemplar foi utilizada uma variedade americana de lúpulo. O diferencial desta cerveja é o centeio, grão bastante popular e consumido nos países bálticos. Na cerveja, o centeio complementa o malte de cevada para dar mais maciez.

Esta cerveja de coloração marrom e levemente turva tem um aroma bastante bom de frutas amarelas e caramelo. Seu sabor é bastante intenso com bastante cremosidade na boca. As notas frutadas proveniente do lúpulo (cítrico) e da fermentação (frutas amarelas) são bastante presente e aos poucos vão dando lugar a um amargor intenso, mas agradável, que permanece no retrogosto.

Ficha Técnica
Estilo: IPA
Teor alcoólico: 6.5%
Amargor: Médio-alto
Temperatura ideal de consumo: 7-10 graus
Produzida por: Õllenaut

Este é o site da cervejaria: http://www.ollenaut.ee (redirecionada para a página do Facebook)
Endereço: Pärnasalu 19, Saue, Harjumaa, Estonia

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Pick your trip na Escócia: Benleva Hotel e o Monstro do Lago Ness

Que a Escócia tem muitos mistérios, todo mundo sabe.
E que um desses mistérios virou cerveja, vocês sabiam?

Dizem que no Lago Ness (Loch Ness) você encontra o famoso monstro do Lago Ness. E realmente encontramos, ó:

(Quem disse que o Monstro é escuro e medonho?)

Brincadeiras à parte, no vilarejo de Drumnadrochit, que fica à beira do lago, existe um brewpub chamado Loch Ness Brewery dentro do Benleva Hotel. A princípio, a criação do brewpub era o resultado da paixão de 3 caras que queriam criar cervejas locais. Mas eles foram mais longe: conquistaram o paladar dos escoceses e sempre estão ganhando os prêmios do CAMRA (Campaign for Real Ale) da região das Highlands. Em 2012 e 2013, eles ganharam o prêmio de Melhor Pub das Highlands. E sabe o que isso significa? Que eles servem Cask Ales de boa qualidade!

Anualmente, eles promovem um festival de cervejas locais chamado "Loch Ness Beer Festival", trazendo novidades e atraindo pessoas que gostam de cervejas. É uma boa oportunidade para conhecer as boas cervejas da região.

As cervejas produzidas por eles são: Light Ness (Session Pale Ale), WilderNess (Bitter), RedNess (Red Bitter), LochNess (Scottish Ale), DarkNess (Stout) e HoppyNess (Pale Ale).

Nós tivemos a oportunidade de provar a HoppyNess e a LochNess.

Hoppy Ness
Estilo: Pale Ale
Teor alcoólico: 5%
Amargor: Médio

(Desvendando o mistério, olha o monstro aí no logo)

Cerveja de coloração dourada e aroma de lúpulos herbáceos e levemente cítrico. Seu corpo é bastante leve. É bastante saborosa, mantendo a característica dos lúpulos no palato e levando um leve toque de acidez, proveniente do condicionamento em barris (Cask). O Amargor é médio, mas bastante agradável.  Seu afertaste é seco e refrescante. Ótima cerveja para os dias quentes.



Loch Ness
Estilo: Scottish Ale
Teor alcoólico: 4,4%
Amargor: Baixo



Cerveja de coloração âmbar com aroma de caramelo e toffee. Na boca, ela é bastante leve com um amargor bem baixo. Na boca, surge o sabor que esperamos de uma Scottish Ale: caramelo e toffee, pois, na sua composição não se espera muitas características do lúpulo. Bastante macia na boca, é uma cerveja gostosa para se beber a qualquer momento.

Se um dia você for para a Escócia e visitar as Highlands, não se esqueça de dar uma passadinha no Benleva Hotel. Lá, você encontrará o monstro do Lago Ness nos pints da cervejaria.

Como chegar:
Saindo de Inverness: Pegue o ônibus saindo do Terminal de Inverness e desça em Drumnadrochit. Pegue um ônibus que vá para Loch Ness. O vilarejo fica no caminho (Peça para o motorista. Os motoristas de ônibus escoceses são bastante atenciosos). Veja opções na página do Citylink e Stagecoach.

Existem vários tours saindo de Edimburgo e Glasgow para o Lago Ness. Também é uma opção. Geralmente eles te deixarão perto do Castelo de Urquhart e será uma caminhada para chegar até Drumnadrochit. É bom se manter informado onde eles te deixarão para saber como chegar lá.

Outra opção é sair de Fort Williams. Eu não cheguei a fazer este caminho, mas neste link existem algumas opções de ônibus.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Tentando virar uma Certified Cicerone® (Minha experiência)




Para quem não sabe, Cicerone é um termo antigo para definir aquela pessoa que trabalha como guia de turismo.  Mas como este termo deve estar em desuso, um cara chamado Ray Daniels pensou que poderia usar este termo Cicerone para os Sommeliers de Cerveja. E parece que a idéia deu certo. É só dar um Google para constatar que serão poucas as menções de Cicerone para turismo. O resto é tudo sobre este programa.

Em resumo, o Cicerone Certification Program é uma iniciativa do Ray Daniels para garantir a qualidade de serviço de cervejas. Ele pensou nisso depois de perceber a grande oferta de cervejas especiais de boa qualidade no mercado que estavam sendo servidas indevidamente por problemas de estocagem e serviço. E isso é péssimo. Durante o armazenamento e serviço a cerveja pode mudar completamente, virando uma bebida totalmente desagradável. Assim, o consumidor final fica com uma outra percepção sobre a cerveja. Por isso, essa certificação, em tese, garante que você saiba o mínimo sobre serviço cervejeiro de forma a garantir a qualidade da cerveja.

São três fases para esta certificação: a primeira é o Certified Beer Server que consiste numa prova online, o segundo é o Certified Cicerone® que é uma prova mais intensiva com parte escrita, uma demonstração e uma parte de degustação. E por último o Master Cicerone® que é uma prova de dois dias, mais intensa, com várias partes escritas, várias provas de degustação e provas de serviço.

No mercado cervejeiro norte-americano, atualmente tem sido exigido possuir o Certified Cicerone® para conseguir alguns empregos. Isso demonstra como essa certificação é importante no mercado.

Virar um Certified Beer Server, é bem facinho, para falar a verdade. É só exigido um nível de inglês razoável e conhecimento cervejeiro básico. O Certified Cicerone® é um pouco mais complicado e são provas presenciais. E queria falar um pouco sobre essa prova.




Minha Experiência com o programa:

Eu fiz a prova de Certified Beer Server no começo de julho e passei tranquilo. Como já tinha uma viagem para os Estados Unidos marcada para o final do mês, resolvi ver se tinha alguma data em que eu estaria em alguma cidade onde seria aplicada a prova de Certified Cicerone®. E não é que deu certo?

A prova foi ontem, dia 31 de Julho, quando eu havia acabado de aterrissar em Chicago. Pensei que eu poderia fazer a prova, já que tenho nas costas um título de Sommelier e de Mestre em Estilos em Cervejas. E ter um certificado como o Certified Cicerone® poderia me recolocar no mercado, já que no momento estou desempregada. Aceitei o desafio e há duas semanas me inscrevi para o programa.

A parte mais legal é o suporte dado para estrangeiros, principalmente, se inglês não é a sua língua nativa. Eles podem ter dar um dicionário inglês-"língua nativa" e extensão de 50% do tempo da prova. No meu caso, eles falaram que seria possível me auxiliar com o dicionário, mas que não seria possível extender o tempo porque o local não permitia. (Mas fiquei contente só com o fato de ter um dicionário que ajuda bastante).

Como uma boa procrastinadora, deixei para estudar de última hora. Passei os últimos três dias antes da viagem estudando. No próprio site do Cicerone, eles dão um roteiro de estudo bem completo que ajuda a organizar seus estudos. Mas quando fui ver o conteúdo, soube que 3 dias não seriam suficientes...

A prova foi feita no espaço de eventos de um restaurante em Chicago às 12:00.

Chegando lá, eles checam algum documento para comprovar se você é maior de 21 anos e foi neste momento que recebi o dicionário. Mas já percebi que o dicionário não ajudaria muito a minha pessoa, porque era daqueles bem basiquinhos  (embora meu inglês não seja grande coisa, a maior parte dos termos mais complexos cervejeiros não estão no dicionário, confiem em mim). Eu recebi também um termo onde eu deveria reconhecer que eu sou estrangeira e não tenho conhecimento pleno das regras americanas (o que não ajudou muito porque eram as questões mais fáceis).

O teste escrito é pessoal e consiste em 150 questões objetivas no estilo "responda em poucas palavras" e 3 questões dissertativas. São três horas de prova e é bem cansativo. O conteúdo é basicamente igual às seções do roteiro de estudo e é bem específico. Por exemplo, na seção de estilos, perguntaram sobre uma ale inglesa de SRM 30-40 e ABV 4%-5%.

Das 3 perguntas dissertativas, uma era sobre serviço (descrever sobre as partes do sistema de chope), outra sobre história e características de estilo (minha questão era sobre uma Robust Porter) e por último uma questão sobre processo (a questão era explicar o processo de maltagem e a influência no sabor da cerveja).

Minha percepção sobre a prova escrita, foi que eu sabia responder com menos dificuldade sobre estilos, processo, ingredientes e harmonização. Os cursos que fiz na ABS e no Instituto da Cerveja me garantiram uma boa bagagem nestes assuntos. A parte mais difícil foi a de serviço (sistema de chope, especificamente), porque nunca trabalhei com isso. A prova é em inglês e exige que você conheça alguns termos cervejeiros específicos.

A segunda parte era de demonstração. Confesso que essa foi a prova do demônio justamente porque era sobre serviço de chope. Fui encaminhada para uma sala com uma câmera. Eu havia recebido uma torneira desmontada e deveria descrever como é a limpeza da torneira, apontando quais são as partes e como deveria ser a limpeza. Deveria remontar e sairia de lá. Como eu nunca tinha visto isso, eu simplesmente falei como deveria ser limpado, mas para a vergonha geral da nação, não sabia montar a torneira. (Shame on me que fala isso em público).

E para o meu conforto, a última prova foi a que eu estava mais habilitada a fazer. Era a prova de degustação. Foram 12 amostras a serem testadas e uma de controle. As degustações eram divididas em 3 seções. A primeira era de off-flavors. Era necessário distinguir dentre uma lista de off-flavors quais estavam presentes nas amostras. Essa foi bem tensa e foi onde errei mais. Das quatro amostras uma não tinha nada (foi a que errei, porque achei que estava levemente oxidada), uma tinha DMS, outra tinha Diacetil (errei também porque eu senti acético) e a outra continha Acetilaldeído.

A segunda seção era de identificação de estilos. Foi bem fácil, para falar a verdade, porque fiz o curso de Mestre em Estilos que me deu uma boa bagagem para isso. Eles dão dois estilos e você tem que adivinhar qual deles é o estilo da amostra. A primeira era entre uma Belgian Blonde e American Blonde, a segunda era entre uma Robust Porter e uma Dry Stout, a terceira era entre uma Doppelbock e uma Dubbel e a terceira foi entre uma IPA e Imperial IPA. Nessa acertei todas (pelo menos nisso, né?).

A terceira seção, ao meu ver, era a parte mais interessante da prova. Eles simulam uma situação onde o cliente devolve uma cerveja e você tem que explicar  se a cerveja está adequada para o consumo e, se não, o que está errado ou na cerveja. Eles falam qual é o rótulo e o estilo. A primeira era uma American Wheat da Goose Island, servida na torneira, que estava contaminada. A segunda era uma Pilsner Urquell em lata que estava Ok (mas eu achei que o lúpulo estava velho então coloquei que não estava adequada para consumo). A terceira foi uma ESB da Fuller's em garrafa oxidada e por último uma Saison (não lembro o rótulo).

A impressão geral que tive sobre a prova é a importância que os americanos dão para a qualidade das cervejas e principalmente para o serviço. Muitas cervejarias fazem ótimas cervejas, mas nem sempre essa qualidade chega ao consumidor final. Neste ponto, acho essa certificação muito importante, porque de alguma forma, a prova faz com que as pessoas que trabalham nessa área garantam a qualidade da cerveja. Fiquei pensando que no Brasil a gente talvez não tenha essa garantia ainda. Mas talvez seja a hora de a gente pensar nas razões pelas quais alguns bares e restaurantes não servem a cerveja de forma apropriada para o consumidor final e como isso é negativo para o mercado cervejeiro e também para o próprio consumidor final que não consegue provar uma cerveja de qualidade.

Os cursos de Sommeliers de cerveja são ótimos para nos dar uma base para conhecimento de cerveja. Mas é altamente recomendável fazer um curso de serviço, como esse novo oferecido pelo Instituto da Cerveja. Principalmente sobre limpeza e manutenção de sistema de chope. Muita gente não faz idéia de como isso impacta a qualidade final da cerveja.

Eu tenho certeza que não passei na parte escrita da prova. Mas já descobri onde estão as minhas deficiências. Agora vou estudar mais sobre a qualidade de cerveja e Chope para ser uma profissional que não decepcione os meus clientes.

Cheers!

terça-feira, 1 de julho de 2014

Pick Your Trip: Belo Horizonte (in English)

Belo Horizonte

(Redirected from TemasMg)


Capital of Minas Gerais State and 6th biggest city in Brazil. In the past the State was famous for the gold rush and now it is an important economic center for the Country. For foodies, a perfect place to get fat, as they have delicious dishes and sweets, such as Doce de Leite, Queijo Canastra, Pão-de-queijo....and the list goes on. For Craft Beer Lovers, this is a special place with important microbreweries. Check the list below to see where you should go, while you are in this city watching World Cup Games.


(We went there one day after they got the Gold Medal at World Beer Cup - It was party time!)

So, you love craft beers, you went to Belo Horizonte but you haven't tasted any Wäls Beer. Shame on You! You definitely have to go there! They are the shining star for craft beer in Brazil. They were awarded the Gold Medal with Wäls Dubbel and Silver Medal with Wäls Quaddrupel at World Beer Cup 2014. They have brewed a Saison with sugarcane in collaboration with Garret Oliver from Brooklyn Brewery. Do you need more reasons to visit them? 

The brewery is open for visitors every saturdays and you can enjoy the beer directly from the source. Our suggestions are, for sure, Wäls Dubbel (Dubbel, 7.5% ABV) and Wäls Quaddrupel (Belgian Strong  Ale, 11%). But Wäls Petroleum (Russian Imperial Stout, 12% ABV) and Saison de Caipira (Saison brewed with Sugarcane, 6.5% ABV) are great choices as well. This is also one of few breweries that produces Bière Brut. You can buy their Wäls Brut in bottle, as well. (And you should visit the room where they are stored).

(This is the room biere bruts are stored)


Carneiro Family runs the brewery and the tasting room, so you will find yourself at a family environment when going there. If you won't be there on weekend, just check our next suggestion, Stadt Jever, you will find Wäls Beers there as well. 

Address: Rua Padre Leopoldo Mertens, 1460 - São Francisco, Belo Horizonte.




Stadt Jever

(Redirected from DestinoCervejeiro website)

This is one of the oldest pub in Belo Horizonte. Established 30 years ago by a German guy who came from the Jever City in Germany, this Pub has this German environment. Now it is owned by the Carneiro family from Wäls, so, you can taste their beer and other guest beers on tap! They also serve great German Dishes (From Jever, maybe?). The house's beer is Stadt Jever, brewed by Wäls (German Pils, 5%).

Address: Av. Contorno, 5771 - Savassi, Belo Horizonte - MG.




Botiquin do Antonio



Are you the type of traveler that loves to go to Public Markets? If the answer is "yes", you should visit Mercado Central de Belo Horizonte. In this market there is a small stall named "Botiquin do Antonio" where they serve beers from Cervejaria Backer. The place is really small and crowded, mainly on weekends. You can ask for their Pilsen ( Lager, 4.8% ABV) or Capitão Senra (Amber Lager, 5.3% ABV). Not so sure if they also serve their special series named "3 Lobos" on tap, which are pretty interesting. In special I recommend Bravo (American Imperial Porter aged in Umburama Barrels, 9% ABV) and "Exterminador de Trigo" (Wheat Beer with Lemon Grass, 4.8% ABV). I was also told to have Carne com Jiló (beef with Scarlet Eggplant) as the best dish to pair with the beers. 

Address: Mercado Central de Belo Horizonte
Access: Gate 1, from Avenida Augusto de Lima, 744 - The first bar you will see.